quarta-feira, janeiro 03, 2007

Concorrência à francesa

O Ministério da Economia francês colocou na internet uma página em que é possível consultar os preços do combustível praticados em cerca de oito mil (8.000) estações de serviço em França. Segundo o ME francês, os preços são actualizados "continuamente" neste site.

Ao ler isto, pareceu cá ao povo na tasca que seria uma boa ideia o ME português fazer o mesmo, mas rapidamente nos convencemos do pragmatismo da governação lusa. É que ao contrário de França, onde a liberalização significa concorrência e preços que podem fazer uma diferença de 20 a 30 cêntimos entre estações de serviço, em Portugal era pura perda de tempo criar um site, e geri-lo em tempo real - com todos os custos e dificuldades que isso acarreta - para elencar impressionantes diferenças de preço que chegam, ás vezes, que loucura, a um cêntimo.

Regra geral, visto diariamente por quem passa por três bombas entre casa e o trabalho - uma de cada gasolineira - a diferença está das décimas ou centésimas de cêntimo. Traduzindo para os saudosos escudos, a diferença está em escassos tostões...

P. S. - Depois querem que acreditemos que a compra da "PT" pela "Sonae" vai ser benéfica para os consumidores, com o argumento de que a fusão da "Optimus" com a "TMN" trará mais concorrência...

terça-feira, janeiro 02, 2007

Fim do ócio

Só para assinalar o regresso das férias, deixo aqui uma frase recebida num mailing empresarial:

"A empresa passou a fornecer soluções integradas e desenhadas para aproximar pessoas, processos e conhecimento para os processos de trabalho"

Sinal dos tempos...

terça-feira, dezembro 12, 2006

In the House...

À espera de ver o Dr House...

Será que os produtores sabem que a série, excelente, passa no canal pimba?

O que vale é que o Pai Natal vai trazer um gravador de DVD novo e aí, bye bye TVI!

Aproveito para actualizar as contas do post anterior. Com a vitória da na Madeira, onde se lê entre 5 e 11 pontos, deve ler-se entre um mínimo de 8 e um máximo de 11...

domingo, dezembro 10, 2006

Mar salgado e lágrimas de Portugal

Havíamos decidido não mencionar aqui o livro de Carolina Salgado, ex-companheira de Pinto da Costa, presidente do F. C. Porto. Por razões simples e justificáveis:

1) Isto é uma tasca, mas não é um bordel, uma bandalheira qualquer, pelo que não nos parecia minimamente apelativo abordar esse lixo publicado sobre a infame forma de livro.

2) Havíamos decidido passar ao lado desse vómito sobre forma de livro da bílis de uma mulher despeitada (que segundo alguns clientes cá do sítio, é provavelmente o ser mais perigoso à face do Universo), pelo simples facto de nos parecer de todo incomportável que só por despeito alguém resolva escrever um livro a contar os podres, verdadeiros ou inventados, de alguém com quem partilhou o leito durante seis anos. Mais lamentável, que uma editora o publique.

3) Como alguém aqui disse, se Pinto da Costa mantivesse a mesada e a casa paga, o livro não existiria. Ou existiria? Como parece que se trata apenas de uma vingança mesquinha, repito, com dados verdadeiros ou fictícios, queríamos evitar entrar na polémica.

No entanto, uma série de acontecimentos acabou por nos levar a dizer algumas coisas. Em primeiro lugar, há que recordar um episódio, ouvido na RTPN há dois dias. Numa entrevista àquele canal da televisão pública, Carolina Salgado contava que alguns árbitros (dois mencionou ela, pelo menos), iam lá a casa, ao tempo em que a casa era dela e de Pinto da Costa, "tomar café e comer chocolatinhos" (será que queria dizer bombons...), quando o entrevistador interrompeu para rectoricamente perguntar:

- "Estamos, portanto, a falar de corrupção activa" (a frase não tem pontuação porque não foi claro se se tratou de uma pergunta ou uma afirmação de vontade, uma manifestação de desejo interior...

- "Sim, estamos, Corrupção activa", retorquiu Carolina Salgado.

Outro episódio foi-nos possível observar, hoje, nas televisões que fizeram a cobertura do lançamento do livro, em Almada, em território inimigo há um ano, ontem, pátria da nova heroína dos benfiquistas. Os mesmos adeptos que há menos de 12 meses juravam matar Carolina, ela que ergueu insultuoso dedo do meio ao líder carismático do clube vermelho.

A apresentação do "livro" transformou-se numa manifestação espontânea (será que foi mesmo espontânea?) de benfiquismo, com um senhor de barbas e mau aspecto a felicitar Carolina por ter a coragem de dizer a verdade, aquela verdade que todos conhecem: o Porto só ganha campeonatos a comprar árbitros, enquanto os outros pobres coitados de Lisboa penam em lisuras sucessivas para ganhar um ou outro título.

Lembro apenas o último campeonato atribuído ao clube vermelho, no ano em que rebentou o processo apito dourado. São inesquecíveis os mergulhos de um rapaz alto, loiro, nórdico muito dado às artes teatrais, que resultaram numa bela série de penáltis e pontos decisivos para os vermelhos (evito sempre escrever encarnado, terminologia inventada pelo regime de Salazar, que proibia o uso da palavra vermelho, associada à Oposição comunista).

Lembro a "deslocalização", palavra tão em voga nestes tempos, de um jogo para o Algarve, numa verdadeira investida de "globalização" de clubismo, frente a um clube que, na altura ou pouco antes (nunca houve vontade séria de clarificar isso) pertencia a um agora ex-director do benfica, um tal de José Veiga, também conhecido por ser amigo de João pinto, que foi menino de Ouro em Lisboa e agora joga em Braga.

Traçando uma analogia entre o que aconteceu no ano do Apito Dourado, em que parece perfeitamente razoável a qualquer pessoa que seria um crime de lesa-pátria o Porto voltar a ser campeão, daí a atribuição do título aos vermelhos, e o caso do livro de Carolina, percebo, agora, a convicção manifdestada por Fernando Santos (es-Santinho, no Porto), no dia em que o livro foi noticiado nos jornais, ao dizer que o clube que aparentente treina iria ser primeiro no fim da época, apesar de neste momento estar em quarto lugar entre 5 a 11 pontos do líder Porto.

sábado, dezembro 09, 2006

Só tu é que não "BES"

Numa altura em que o Governo “ataca” a Banca, suspeito que mais por causas populistas que de verdadeira preocupação com a justiça fiscal, o BES, um dos braços da Banca que disse que iria contra-atacar, contratou como consultora uma deputada do PS, partido do Governo. Maria de Belém, diz o semanário “Sol”, não vê incompatibilidades entre a actividade no Parlamento e a consultadoria que vai prestar ao Banco Espírito Santo.

Pois... como se dizia no Porto que tocava os "vês" pelos "bês", ao tempo em que a região ainda tinha identidade própria, só tu é que não BES...

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Curva à Direita

Cavaco Silva e Rui Rio, provavelmente duas das figuras que melhor encaixam na imagem de políticos de Direita em Portugal, defendem e elogiam o actual Governo PS. O "sr. Silva", como lhe chamou Alberto João Jardim, aplaude e, provavelmente apoia e/ou incentiva, o "caminho reformista" de José Sócrates; o presidente da CM do Porto, a quem na Invicta já chamaram de quase tudo, elogiou o "rumo" das reformas do Executivo.

Ora, posto isto, que faz José Sócrates e o seu, dele mesmo, quase sem contestação*, PS, elogiado por duas das principais personagens da Direita, num congresso de socialistas europeus?

A pergunta coçou as meninges de muita gente cá na tasca. Mas, ao ler os jornais esta manhã, lá percebemos que o congresso do PES reúne representantes de partidos socialistas e sociais-democratas, a linha ideológica do PSD (sem o PPD de Santana Lopes) do "sr. Silva" e do "sr. Rio", que por acaso também tem Silva no B.I.

E, da leitura dos jornais, percebe-se que os "socialistas" (de agora em diante, neste desabafo entre aspas, dadas as dúvidas que suscita a orientação ideológica actual) estiveram, pelo menos no primeiro dia, mais preocupados com uma construção da Europa, em salvar a União Europeia (um mercado de quase 500 milhões de consumidores, convém lembrar) e em relançar as relações com os EUA, cujo líder da agora maioria Democrata no Congresso figurou entre os convidados de honra e mais encumiasticamente honrados nas palavras de quase todos.

É caso para perguntar, e as pessoas, aquilo a que os políticos em campanha chamam de "o povo"? Nada?

Pouco, muito pouco, quase em nota de rodapé se falou de pessoas. Ségolène Royal, candidata do PS francês às eleições presidenciais de 2007, ainda falou na vontade de, se for eleita, construir uma "Europa para as pessoas, capaz de combater o desemprego e o aumento do custo de vida". A estrela mais rutilante do socialismo europeu ousou, até, atacar Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (aquela instituição a que a banca portuguesa sempre se antecipa para aumentar as taxas de juro), não "tem o direito de decidir o futuro da economia europeia".

Cruzes, quase parecia um discurso de Esquerda da Madamme Ségolène, traída por uma expressão de José Sócrates: "Não se preocupe se lhe disserem que não é de Esquerda. Já ouvi isso muitas vezes, sem me incomodar", disse o primeiro-ministro português àquela que foi apresentada como "a próxima presidente de França". Pois é senhor-ministro, mas a si, até a Direita concorda que a sua governação não é de Esquerda, como se vê diariamente nas políticas do Governo, onde o único lugar reservado ao povo é o de pagar a crise...

* No Congresso do PS, a 22 de Novembro, só Helena Roseta e Manuel Alegre ousaram fazer discursos fora da norma consensual, ousando colocar em causa algumas políticas do Governo. E Alegre, candidato presidencial fora da norma do PS, até foi convidado a fazer parte da Comissão Nacional do Partido. Que recusou...

quinta-feira, novembro 23, 2006

Barriga cheia

"Mais acertado esteve o Governo ao anunciar que vai acabar com o regime especial de saúde de que beneficiam os jornalistas. Esta posição, ultraminoritária entre os jornalistas, é tomada em consciência e não por, pessoalmente, beneficiar de um salário mais elevado do que a média ou de o meu jornal incluir entre os seus benefícios sociais um seguro de saúde"

José Manuel Fernandes, directo do jornal Público, na edição de 21 de Novembro, em editorial, referindo-se ao fim da caixa de previdência dos jornalistas.

Como se prova, é fácil ser liberal quando se está de barriga cheia e costas aquecidas.
Belas palavras de um jornalista que também é administrador da empresa em que trabalha, e que, enquanto director do jornal, quando confrontado com a decisão da empresa - em que se calhar até participou - de despedir mais de meia centena de jornalistas, reagiu, condoído e solidário, com uma cartinha a lamentar o inevitável. Ele lá continua, com o tal salário "acima da média" e um "seguro de saúde" - que não tarda, cá como nos EUA, será obrigatório para atendimento no (moribundo) Sistema Nacional de Saúde (SNS), esse projecto de Fénix que renascerá das cinzas como o SPS (Serviço Pago, ou Privado, como queiram, de Saúde).

Na saga, apoiada por JMF, de acabar com os "privilegiados", o Governo está simplesmente a nivelar o país por baixo. Em vez de acabar com os supostos "privilégios" dos magistrados, dos polícias e dos jornalistas, o Governo, que tem a obrigação, moral, histórica e constitucional de zelar pelo bem dos cidadãos, deveria era pugnar pelo aumento dos "privilégios" dos restantes cidadãos.

Já agora, senhor JMF, escreva lá qualquer coisa sobre a ADSE, o sistema próprio de deduções dos funcionários públicos. E, senhor ministro, este privilégio não acaba também? Ou somos todos cidadãos de segunda ou ainda restarão privilegiados?