quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Uma questão nuclear

O nuclear voltou a ser questão central em Portugal. O mote foi lançado por uma conferência, realizada em Lisboa. Num país tão dependente do petróleo e do gás alheios, não me parece despiciendo que se possa recusar o caminho do nuclear sem um boa ponderação dos riscos e dos benefícios. Afinal, há centenas de centrais nucleares pelo Mundo fora e tirando um ou outro caso de menor dimensão nos Estados Unidos, só há um acidente de monta a registar. Chernobyl é, assim, uma espécie de espada de Dámocles, que mais do que suspensa sobre as cabeças de países da dimensão de Portugal, é brandida pelos produtores de petróleo. Espanha, paradigama novo do desenvolvimento, tem sete centrais, duas delas com dois reactores. Uma delas, a de Almaraz, a cerca de 100 quilómetros da fronteira, é a mais próxima de Portugal, pelo que não estamos livres das consequências de um acidente nuclear. Estimam alguns estudos - cuja fiabilidade não foi possível confirmar- que 2% da população portuguesa pudesse sofrer os efeitos de um acidente em Almaraz.
Sobre a conferência de Lisboa, importa duas notas:
1 - A "Conferência sobre Energia Nuclear" foi organizada pela Ordem dos Engenheiros com o apoio das associações e parece ter-se dedicado mais a discutir um projecto apresentado, há quase dois anos, pelo empresário Patrick Monteiro de Barros do que as vantagens e desvantagens do nuclear.
2 - O projecto apresentado contempla um investimento de 3,5 mil milhões de euros, sensivelmente o dobro do que "vale" Belmiro de Azevedo, ou valia, antes da OPA à PT, estimada em 11 mil milhões de euros, sensivelmente o triplo do que vale a central nuclear do magnata do petróleo. Apetecível, pois.
(Foto da Central Nuclear de Almaraz)