quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Brandos costumes e pauladas mortais

Um grupo de jovens está a ser investigado em consequência da morte de um homem de 45 anos. O "tarvesti" e "toxicodependente", como foi referenciado nas notícias, foi alvo de uma ataque selvagem alegadamente prepertado por jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos. Um ser humano, ainda que a viver em condições desumanas, foi morto à paulada, resumindo.

No entanto, nos noticiários de ontem nas televisões a questão central foi colocada ao nível do enquadramente legal e criminal para julgar esta "barbárie". Claro que não faltou o habitual circo dos directos à porta do tribunal, para entreter o povo na ilusão de que é possível ver a cara - quase certamente encoberta - dos jovens, um simples vulto que seja, e ler-lhes, do sofá, a sentença de facinoras.

A ver pela forma como as televisões trataram o assunto - veremos o que fazem os jornais, que saem amanhã - parece que se acredita que ainda estamos num país de brandos costumes. Não se notou grande preocupação em tentar perceber por que razão este crime aconteceu e por que razão há cada vez mais crimes e mais violentos em Portugal.

A culpa, neste e noutros casos, dirão os doutores da psique está certamente casada com a exclusão social, o desenraizamento familiar e a precaridade das condições de vida dos alegados prepertadores. Como é costume, a culpa é da sociedade, esse chapéu tão abrangente e ininputável.

No entanto, ontem também, um homem de 61 anos foi morto durante um assalto a uma caixa multibando.

De brando, o nosso país parece só ter o lume que o vai queimando.