quarta-feira, outubro 25, 2006

Make love at war

Uma autarca holandesa está a fazer uma inovadora interpretação do slogan hippie "MakeLove Not War". A senhora sugeriu um destacamento de prostitutas para acompanhar os soldados holandeses em missões no exterior. “O exército precisa de reconsiderar as válvulas de escape dos soldados”, disse a senhora Annemarie Jorritsma, em declarações daqui tiradas. Presidente da câmara de Almere, no centro da Holanda, eleita pelo Partido Liberal VVD, Annemarie defende um "make love at war", mostrando-se favorável a que os membros do exército exercitem os prazeres do sexo nas missionárias tarefas de que são incumbidos no âmbito das acções da OTAN, como é o caso do Afeganistão e da Bósnia.
Se bem que, como diz a senhora Annemarie, as prostitutas poderiam manter os soldados holandeses longe das mulheres locais - embora me custa perceber como pode alguém resistir à tentação do desconhecido que ainda se esconde nas burkas de muitas das mulheres afegãs, ignotas de máquinas e cremes depilatórios - seria preciso definir critérios para lubrificar tão meritória como meretriz actividade.
Algumas questões que se erguem, assim de repente:
1 - Tratando-se de prostitutas, quem lhes pagaria os serviços? No caso de ser o Estado holandês, como poderia controlar o número de horas de trabalho realizadas pelas prostitutas? Se forem os soldados a pagar, serão subsidiados? Ou o Governo vai optar por senhas, tipo de desconto nos restaurantes e, se sim, quantas senhas terá direito cada soldado?
2 - Os oficiais, se cavalheiros, certamente prescindirão desses serviços, mas pode a quantidade e a frequência da queca ser regulada em função da patente, mais ou menos elevada? Pode um soldado raso "quecar" mais que um general de quatro estrelas sem que isso corrompa a tradicional cadeia hierárquica, fundamental ao bom funcionamento de um exército?
3 - As prostitutas poderiam trabalhar para os militares de outros países estacionados nas mesmas frentes de batalha ou estariam em regime de exclusividade ao serviço dos holandeses? Se puderem também afagar outras libidos que não as dos Países Baixos, é-lhes permitido cobrar por isso?
4 - Quem protegerá as prostitutas do ciúme de esposas e namoradas, no regresso das comissões de serviço?
5 - E senhora Ana Maria holandesa, usando as suas palavras, quem se preocupa com as válvulas de escape das mulheres, esposas e namoradas dos soldados que andam lá fora a lutar pela vida, felizes e contentes, sorrisos rasgados, com subsidiados coitos e prazeres carnais à descrição e regulamentados por decreto-lei?
6 - Haverá um reforço do contingente de padeiros, carteiros, leiteiros, jardineiros e estafetas da UPS que diariamente se sacrificam como válvulas de escape das solitárias mulheres e namoradas de soldados holandeses em missões no exterior, sendo que ao desejo corrente acresceria a vontade de vingar, aí nos Países Baixos, o que os maridos e namorados fazem nos intervalos de erguer bem alto o nome da Holanda em tão nobre missões militares?