sábado, outubro 07, 2006

White Rice

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, andou a "salta-pocinhar" pelo Médio Oriente. Egipto, Arábia Saudita, não reparei nas notícia se Líbano também, depois de há pouco mais de um mês o primeiro-ministo libanês lhe ter vedado as portas de Beirute semi-destruída. Foi a Jerusalém, falou com israelitas e palestinianos e voltou para o avião de mãos vazias, cheias e quase nada. Conseguiu apenas uma promessa dos israelitas de abrirem com mais frequência o posto froteiriço de Rafah, postigo esperançoso para os hospitais do Egipto e, certamente, postigo igualmente esperançoso para a entrada de armas nos territórios ex-ocupados e de novo ocupados, mas não muito, pelo menos formalmente. Não conseguiu nada sobre Karni, posto de fronteira entre os 1,4 milhões de palestinianos da Faixa de Gaza e os bens essenciais que entram por Israel - o que não faz grande diferença, porque metade da população não recebe os salários desde Março, por isso se houvesse que comprar, que comer, maior seria a agonia. Assim, com tão pouco que comprar, o dinheiro quase nem faz falta.
Sem nada mais que uma promessa, provavelmente escrita no vento, lá foi de surpresa - escreveu-se - em planeada viagem a Bagdade pressionar os governantes a andarem da perna para acabar com a violência sectária no Iraque. Entre sunitas e xiitas, com algumas acções curdas, morrem por mês cerca de1500 pessoas no Iraque, quase todas vítimas de execuções racistas, culpados de pertencerem a esta ou aquela etnia.
Rice abalou-se, depois, à Província Autónoma do Curdistão, um quase-país dentro do Iraque, desde a primeira guerra do Golfo, em 1991. Por lá, Rice pressionou - ou exortou - os curdos, que tão bem se têm dado nestes 15 anos de autonomia lata, a aceitarem que o petróleo que jorra na região Norte do Iraque seja "um factor de união", um aglutinador do projecto federalista defendido pelos "States" para o Iraque. O presidente, ex-guerrilheiro, Barzani disse que sim, que apesar do direito à autodeterminação, que era desejo dos curdos viver num Iraque democrático, e disse ser favorável à partilha dos recursos do subsolo. Posição contrastante com frase proferidas, em sentido oposto, ao da partilha do petróleo, entenda-se, há cerca de um mês. A fiar nestas palavras, de agora, parece encontrada a solução para se aprovar no Parlamento iraquiano a divisão do território em três partes: duas, a dos curdos e a dos xiitas, ricas em petróleo, e uma outra, a dos sunitas, desértica e sem petróleo, mas com a garantia de que os outros dois estados federais, dos agora inimigos fidagais, vão partilhar o muito que têm com quem nada tem. Independentemente da viabilidade do cumprimentos destas promessas, fica a certeza de que o velho ditado tuguinha "Casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão", tem tradução e aplicação lá para as bandas das arábias, mais ao género de que terra onde não há petróleo, todos se matam, afinal, sem razão!


Cartoon de Javad Alizadeh/IranDecember ,8,2005, sacado de www.irancartoon.com