Havíamos decidido não mencionar aqui o livro de Carolina Salgado, ex-companheira de Pinto da Costa, presidente do F. C. Porto. Por razões simples e justificáveis:
1) Isto é uma tasca, mas não é um bordel, uma bandalheira qualquer, pelo que não nos parecia minimamente apelativo abordar esse lixo publicado sobre a infame forma de livro.
2) Havíamos decidido passar ao lado desse vómito sobre forma de livro da bílis de uma mulher despeitada (que segundo alguns clientes cá do sítio, é provavelmente o ser mais perigoso à face do Universo), pelo simples facto de nos parecer de todo incomportável que só por despeito alguém resolva escrever um livro a contar os podres, verdadeiros ou inventados, de alguém com quem partilhou o leito durante seis anos. Mais lamentável, que uma editora o publique.
3) Como alguém aqui disse, se Pinto da Costa mantivesse a mesada e a casa paga, o livro não existiria. Ou existiria? Como parece que se trata apenas de uma vingança mesquinha, repito, com dados verdadeiros ou fictícios, queríamos evitar entrar na polémica.
No entanto, uma série de acontecimentos acabou por nos levar a dizer algumas coisas. Em primeiro lugar, há que recordar um episódio, ouvido na RTPN há dois dias. Numa entrevista àquele canal da televisão pública, Carolina Salgado contava que alguns árbitros (dois mencionou ela, pelo menos), iam lá a casa, ao tempo em que a casa era dela e de Pinto da Costa, "tomar café e comer chocolatinhos" (será que queria dizer bombons...), quando o entrevistador interrompeu para rectoricamente perguntar:
- "Estamos, portanto, a falar de corrupção activa" (a frase não tem pontuação porque não foi claro se se tratou de uma pergunta ou uma afirmação de vontade, uma manifestação de desejo interior...
- "Sim, estamos, Corrupção activa", retorquiu Carolina Salgado.
Outro episódio foi-nos possível observar, hoje, nas televisões que fizeram a cobertura do lançamento do livro, em Almada, em território inimigo há um ano, ontem, pátria da nova heroína dos benfiquistas. Os mesmos adeptos que há menos de 12 meses juravam matar Carolina, ela que ergueu insultuoso dedo do meio ao líder carismático do clube vermelho.
A apresentação do "livro" transformou-se numa manifestação espontânea (será que foi mesmo espontânea?) de benfiquismo, com um senhor de barbas e mau aspecto a felicitar Carolina por ter a coragem de dizer a verdade, aquela verdade que todos conhecem: o Porto só ganha campeonatos a comprar árbitros, enquanto os outros pobres coitados de Lisboa penam em lisuras sucessivas para ganhar um ou outro título.
Lembro apenas o último campeonato atribuído ao clube vermelho, no ano em que rebentou o processo apito dourado. São inesquecíveis os mergulhos de um rapaz alto, loiro, nórdico muito dado às artes teatrais, que resultaram numa bela série de penáltis e pontos decisivos para os vermelhos (evito sempre escrever encarnado, terminologia inventada pelo regime de Salazar, que proibia o uso da palavra vermelho, associada à Oposição comunista).
Lembro a "deslocalização", palavra tão em voga nestes tempos, de um jogo para o Algarve, numa verdadeira investida de "globalização" de clubismo, frente a um clube que, na altura ou pouco antes (nunca houve vontade séria de clarificar isso) pertencia a um agora ex-director do benfica, um tal de José Veiga, também conhecido por ser amigo de João pinto, que foi menino de Ouro em Lisboa e agora joga em Braga.
Traçando uma analogia entre o que aconteceu no ano do Apito Dourado, em que parece perfeitamente razoável a qualquer pessoa que seria um crime de lesa-pátria o Porto voltar a ser campeão, daí a atribuição do título aos vermelhos, e o caso do livro de Carolina, percebo, agora, a convicção manifdestada por Fernando Santos (es-Santinho, no Porto), no dia em que o livro foi noticiado nos jornais, ao dizer que o clube que aparentente treina iria ser primeiro no fim da época, apesar de neste momento estar em quarto lugar entre 5 a 11 pontos do líder Porto.