terça-feira, fevereiro 28, 2006

Futebol e jornalismo de carnaval

Volta a falar-se de futebol, aqui na tasca. Volta a bola, rebola, aos trambolhões a conversa sobre o Benfica-F. C. Porto, deste fim-de-semana. Ao ler o JN de hoje, descobriu-se uma pancada violenta do jogador do Benfica Léo sobre o portista McCarthy - isto, segundo os analistas de arbitragem daquele jornal diário. A descoberta, três dias depois do "clássico", em plena terça-feira gorda, fervilhou pelas têmporas de todos quantos gostam de futebol, pugnam pela justiça e respeitam os jornalistas - apesar de tudo. É que, segundo dizem por aqui verdes, vermelhos e azuis, não houve um canal de televisão a mostrar o lance. Os portistas queixam-se, ainda, de outros cortes no resumo, o que parece ir em desfavor da edição de imagens que foi feita sobre o clássico, montada de forma a não macular a vitória do Benfica - que só os azuis mais escuros não reconhecem como justa - e mascarar de excelente uma arbitragem com pecados sérios.
Para lá das teorizações sobre as consequências de um cartão vermelho que ficou por mostrar, logo aos nove minutos de jogo, choca a qualquer amante do desporto a selecção e a montagem das imagens. É Carnaval, só por isso, são poucos os que levam a mal esta forma de fazer jornalismo.
Se calhar, esta entrevista explica muita coisa!

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Lixo electrónico, mas curioso

Recebi isto por mail. É bem provável que seja apenas uma questão de lixo electrónico, ou spam, mas não deixa de ser curioso...

"Será que o nível de desenvolvimento de um país é inversamente proporcional ao número de licenciados que constituem o Governo?

Ora vejam:
>>> País Percentagem de ministros licenciados
> > Portugal 100%
> Grécia 95%
> Espanha 94%
> Alemanha 86%
> Holanda 76%
> Itália 75%
> Reino Unido 69%
> França 59%
> Suécia 36%

>> Interessante, não?"

sábado, fevereiro 25, 2006

Uma imagem dispersa as palavras

A imagem não deixa dúvidas quanto à dúbia exposição de uma marca na apresentação dos jornais da noite na "SIC Notícias".Parece-me que esta estranha forma de dar as notícias levanta algumas questões éticas e deontológicas, no mínimo. Será que estamos perante um caso de publicidade encapotada? Se calhar a apresentadora precisa mesmo de ter ali o que parece ser um computador portátil da Samsung. Ou será que aquilo é um monitor, o que poderá configurar um caso ainda mais gritante?
Se a ideia é rentabilziar o espaço para fazer publicidade e ganhar uns cobres sem esperar peloa maratonistas intervalos dos telejornais, seria de ponderar a ideia de colocar paneis publicitários, como os que se vêem nas conferências de imprensa dos clubes de futebol, e obrigar os pivots, quais "misters" da bola, a apresentar as notícias de boné, trade mark, of course!
Levantada a questão, achou-se a tasca em alvoroço e confusão. Tal, que entre a poluição visual, as notícias passaram quase incógnitas.

P.S. - O rosto da apresentadora foi propositadamente escondido, por uma questão de ética e de protecção da imagem alheia.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

PM fantasia de esquerda


É Carnaval, mas alguém leva a mal? Ontem, em dia de elfos, bruxas, pierrots e outras fantasias, o primeiro-ministro, José Sócrates, mascarou-se de líder de um partido de esquerda. Anunciou na Assembleia da República um investimento de 450 milhões de euros em equipamentos sociais, além de uma espécie de rendimento mínimo para os idosos com rendimentos inferiores a 300 euros. Ouvimo-lo, na rádio, falar daquele tipo de pobreza que não se combate com progresso e desenvolvimento económico, que também quer combater.
Ufa, é de ficar sem fôlego, tanta esquerda num dia só, emanada do líder de um Governo que aprovou a privatização de oito empresas até 2007 (Portucel Tejo, Portucel, vender parte da posição que tem na Galp Energia, Inapa, parte das participações que detém na EDP e na Rede Eléctrica Nacional -REN e a venda de parte do capital da TAP). Tanta esquerda para um PM que nos faz tremer com a inexorabilidade da falência da Segurança Social; tanta esquerda para um Governo que já deixou o aviso para o fim de um Sistema Nacional de Saúde tendencialmente gratuito, algo que se pode traduzir numa tendência de privatização total da saúde, iniciada com os hospitais SA - agora chamados de hospitais empresarialisados - que nos vai conduzir a um sistema tipo USA, em que só quem tem seguro de saúde pode ser arrebatado às unhas da morte; tanta esquerda, para o líder de um PS com tiques cavaquistas e preocupações pouco sociais com o défice; Depois da tendência verdadeiramente à PS, de ajavardar as contas públicas com a megalomania da OTA e do TGV (comboio supostamente rápido que vai parar em quase todas as terrinhas por onde passa - se avançar), é de registar e enaltecer o regresso em força de Sócrates a uma política de esquerda. Seja bem-regresado, senhor PM. Mais vale o exagero social - que o há nesta medidas ontem apresentadas na AR - que a vertigem pelo economicismo, a subjugação ao défice e a rendição ao "Capital" a lembrar os tempos do bom aluno português nas aulas de economia europeia.

(imagem "sacada" em http://www.diegomanuel.com.ar)

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Brandos costumes e pauladas mortais

Um grupo de jovens está a ser investigado em consequência da morte de um homem de 45 anos. O "tarvesti" e "toxicodependente", como foi referenciado nas notícias, foi alvo de uma ataque selvagem alegadamente prepertado por jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos. Um ser humano, ainda que a viver em condições desumanas, foi morto à paulada, resumindo.

No entanto, nos noticiários de ontem nas televisões a questão central foi colocada ao nível do enquadramente legal e criminal para julgar esta "barbárie". Claro que não faltou o habitual circo dos directos à porta do tribunal, para entreter o povo na ilusão de que é possível ver a cara - quase certamente encoberta - dos jovens, um simples vulto que seja, e ler-lhes, do sofá, a sentença de facinoras.

A ver pela forma como as televisões trataram o assunto - veremos o que fazem os jornais, que saem amanhã - parece que se acredita que ainda estamos num país de brandos costumes. Não se notou grande preocupação em tentar perceber por que razão este crime aconteceu e por que razão há cada vez mais crimes e mais violentos em Portugal.

A culpa, neste e noutros casos, dirão os doutores da psique está certamente casada com a exclusão social, o desenraizamento familiar e a precaridade das condições de vida dos alegados prepertadores. Como é costume, a culpa é da sociedade, esse chapéu tão abrangente e ininputável.

No entanto, ontem também, um homem de 61 anos foi morto durante um assalto a uma caixa multibando.

De brando, o nosso país parece só ter o lume que o vai queimando.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Uma questão nuclear

O nuclear voltou a ser questão central em Portugal. O mote foi lançado por uma conferência, realizada em Lisboa. Num país tão dependente do petróleo e do gás alheios, não me parece despiciendo que se possa recusar o caminho do nuclear sem um boa ponderação dos riscos e dos benefícios. Afinal, há centenas de centrais nucleares pelo Mundo fora e tirando um ou outro caso de menor dimensão nos Estados Unidos, só há um acidente de monta a registar. Chernobyl é, assim, uma espécie de espada de Dámocles, que mais do que suspensa sobre as cabeças de países da dimensão de Portugal, é brandida pelos produtores de petróleo. Espanha, paradigama novo do desenvolvimento, tem sete centrais, duas delas com dois reactores. Uma delas, a de Almaraz, a cerca de 100 quilómetros da fronteira, é a mais próxima de Portugal, pelo que não estamos livres das consequências de um acidente nuclear. Estimam alguns estudos - cuja fiabilidade não foi possível confirmar- que 2% da população portuguesa pudesse sofrer os efeitos de um acidente em Almaraz.
Sobre a conferência de Lisboa, importa duas notas:
1 - A "Conferência sobre Energia Nuclear" foi organizada pela Ordem dos Engenheiros com o apoio das associações e parece ter-se dedicado mais a discutir um projecto apresentado, há quase dois anos, pelo empresário Patrick Monteiro de Barros do que as vantagens e desvantagens do nuclear.
2 - O projecto apresentado contempla um investimento de 3,5 mil milhões de euros, sensivelmente o dobro do que "vale" Belmiro de Azevedo, ou valia, antes da OPA à PT, estimada em 11 mil milhões de euros, sensivelmente o triplo do que vale a central nuclear do magnata do petróleo. Apetecível, pois.
(Foto da Central Nuclear de Almaraz)

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O papel! Qual papel?

Por conveniênica de serviço, a gerência cá da tasca viu-se em necessidades de comprar uma carripana. Em segunda-mão e vários pés-de-chumbo, bem se vê, porque não é a vender chispe, moelas e bucho que a galinha enche o papo.
O problema é que para ter direito aos documentos foi preciso pedir um papel onde diz que é verdade o que está escrito no outro papel e que é válida a assinatura do papel com que se pedem os papeis.

Tradução: Sociedade legítima e respeitadora das leis portuguesas, quis legalizar a compra, solicitando o respectivo e moderno documento único (papel 1), que substitui o livrete e o título de registo de propriedade. Para isso, passou pela Conservatória do Registo Automóvel (CRA) com a declaração de venda (papel 2) devidamente assinada pelo vendedor e pelo comprador - a gerência cá do sítio. Acontece que a tasca é sociedade de responsabilidade limitada, escrita assim no modo económico-financeiro "A Tasca do Belmiro, Lda", pelo que não basta ao gerente a assinatura no papel comprovada pelo bilhete de cidadão nacional. É preciso uma certidão comercial (papel 3) obtida na Conservatória do Registo Comercial. Mas, na burocralândia isto não é suficiente. É que o funcionário da CRA não está autorizado a olhar para o papel 3 e ver que lá diz que a pessoa em causa é parte integrante do todo que é a gerência da tasca e que a assinatura do papel 2, embora não formosa, é segura. Manda a lei, que estes ossos moídos tenham tido de passar pelo Cartório Notarial (CN), onde um funcionário pegou no BI e confirmou que a assinatura no papel 2 está correcta e a pessoa em causa está legitimada a assinar, conforme atesta o papel 3. Vai daí, emite uma declaração (papel 4) que diz que é verdadeira e legítima a assinatura do papel 2, como atesta o papel 3. Venha daí o papel 1 (deve chegar dentro de 60 a 90 dias, avisou o CRA). E pronto, assim se perde tempo e gasta dinheiro: o papel 3, € 17,25; o papel 4, € 15,30. No total, mais de 32,55 euros em burocracia, a que acresce o desgaste das solas de sapatos, da carripana, já em terceira e (quase) legitima mão, e da paciência.
P. S. - Isto da assinatura reconhecida só se aplica para sociedades anónimas. Porque, estando nós em Portugal, quem é conhecido sempre se safa!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Reabertura

Uma arreliadora constipação manteve fechadas as portas da tasca nos últimos dias. Mais por precaução, que por incapacidade de resistir ao pingo no nariz e às dores de cabeça. Com o regresso da gripe das aves - após curioso interrengno noticioso motivado pelas eleições presidenciais em Portugal- a gerência achou que seria melhor manter o vírus afastado da clientela.
Restablecida a gerência, a tasca reabre as portas. Como há comes e bebes à borla, a casa está cheia e falta tempo para dizer mais. No dia em que o cadáver da irmã Lúcia foi trasladado de Coimbra para Fátima; no dia, mais um, em que o Mundo Árabe saiu às ruas para se manifestar contra as caricaturas de Maomé, nada melhor que um cartoon para brindar à liberdade de expressão, religiosa incluída, e à laicicidade.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Mudança de visual

Recorrentes problemas técnicos com o anterior visual, obrigaram a uma mudança. Temporária. Em breve, volta o figurino mais apetitoso. Até lá...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

O cruzamento (de informações) em Netzarin

A história de Mohammed al Durah correu Mundo, há cinco anos. O jovem palestiniano alegadamente baleado por forças israelitas, no cruzamento de Netzarim, passou a ser um dos símbolos da luta dos palestinianos. Numa altura em que a Palestina está, ainda mais, na boca do Mundo, com a vitória do Hamas, se calhar tem pertinência ver uma outra versão dos confrontos entre israelitas e palestinianos. No "The Second Draft", dois documentários deixam em causa a versão palestiniano dos acontecimentos, alegadamente recorrendo a imagens não editadas - e não publicadas. Uma selecção de imagens, naturalemnte subjectiva, que questiona a selecção de imagens dos média mundiais. Vale a pena ver, porque a verdade tem sempre duas caras. Resta saber se alguma delas é a verdadeira...