terça-feira, janeiro 31, 2006

A multa, o bloqueio e o reboque


Dois reboques, meia-dúzia de fiscais municipais para um dia muito movimentado na rua de Gonçalo Cristóvão, no Porto. Nada que não se repita amiúde nesta artéria portuense, curiosamente onde fica a sede de três jornais portugueses - "Jornal de Notícias", "Diário de Notícias" e "24 horas". É no mínimo estranho que, nas ruas circundantes a esta espécie de "cancro" do estacionamento e da circulação rodoviária, valha quase tudo, que seja possível estacionar, sem pagar, e, com frequência ao arrepio da lei, sem qualquer problema ou fiscalização. Tão mais estranho é quando a CMP tem um presidente que, na hora da vitória eleitoral, falou em derrota dos jornalistas. Quando assim é, será mesmo estranho este corrupio de multadores municipais na rua onde estão as sedes de três jornais e uma rádio (TSF)?
Numa cidade cada vez mais deserta, numa cidade onde se empurram os habitantes para a periferia - obrigando-os a deslocar-se de carro - é, no mínimo, exagerado este afã multador, agravado, com cada vez mais frequência, por outras medidas coercivas. Estacionar, em lugar especificamente desenhado para o efeito, sem pagar - ou continuar estacionado fora de tempo - além de multa dá direito a bloqueio e reboque da viatura. Ainda por cima num país onde, além do IVA a 21%, os compradores de automóveis enchem os cofres do estado com um dúbio Imposto Automóvel e contribuem, ainda, como um estranho Imposto Municipal, vulgo selo.
Certamente que com esta política, a CMP visa aumentar os índices de mobilidade do estacionamento, com isso limpando as segundas e terceiras filas que bloqueiam muitas das entradas e saídas da Invicta. Certamente que esta política visa reduzir a pressão automobilística no centro da Invicta, à semelhança do que se pretende, com medidas concretas e diálogo, em muitos países da Europa cincilizada. Em Portugal, servirá para facilitar a circulação dos poucos, que são cada vez mais, que podem comprar lugares de estacionamento à porta do emprego.
Com esta política, Rui Rio consegue, ainda, fazer oposição ao Governo. Se conseguir demover, à força, os portuenses do uso do automóvel, tira a José Sócrates milhões de euros provenientes dos 63% de imposto cobrado pelo Estado em cada litro de combustível.
Ontem, era vê-los, multadores municipais, afanados a multar, bloquear e rebocar. Já quase oito da noite e lá continuavam, provavelmente a fazer horas extraordinárias.

Jornais de casa

A partir de hoje, a tasca do belmiro tem um cantinho com os jornais da casa. Links para os principais jornais portugueses, porque a leitura fica bem com um mata-bicho, um copo e um petisco. Como a tasca está aberta a todos, há jornais de e para todos os gostos.
Saúde.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Hoje há futebol

Com o fim de semana à porta, as conversas na tasca andam animadas pela bola. A história mais comentada passa rés-vés o dérbi de Lisboa, entre o Benfica e o Sporting. Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados, mostrou-se solidário com os árbitros portugueses. Em declarações pungentes, capazes de fazer chorar as pedras da calçada, LFV recordou uma reunião havida em Leiria, em que os homens do apito lhe explicaram - e aos outros dirigentes presentes - as difíceis condições em que trabalham. No dia em que o Sporting levanta dúvidas sobre a idoneidade de árbitro auxiliar, o presidente do Benfica defende os árbitros e mostra-se solidário. Uma questão de cortesia que só lhe fica bem, pois para quem vai vendo a bola a desfilar pela tv, semana sim, semana sim, os árbitros têm sido muito solidários com o Benfica, e respectivo presidente. Quando não há um jogador a dar uma mão ao Benfica, há sempre um árbitro solidário.
Mais. O senhor Vieira, talhado nos jornais desportivo como o novo paladino da honestidade e da justiça desportiva em Portugal, fala de barriga cheia. Fala protegido pela imprensa sulista e benfiquista que molda este país, que o faz andar para trás no tempo. Só assim se percebe que o Benfica tenha contratado dois jogadores ao Setúbal nos "arredores" - ninguém sabe se foi antes, durante ou depois - do jogo com a equipa setubalentes; que tenha emprestado um desses jogadores, José Fonte, ao Paços de Ferreira, adivinhem, na véspera de jogar com o... Paços de Ferreira; que tenha contratado um jogador à Académica dois dias depois de jogar com a Académica, ao cabo de algumas semanas de inactividade do jogador, em litígio com o clube de Coimbra; ou, ainda, que tenha negociado o empréstimo de jogadores ao Gil Vicente na véspera - "and do I need to say more?" - de jogar com o... Gil Vicente. A imprensa desportiva, sempre tão expedita a denunciar situações dúbias ou de ética questionável estava ocupada em fazer manchetes com as novas contratações do Benfica, sem questionar, como compete a uma imprensa séria e isenta, os métodos ou os meios.
Acresce a isto, e a propósito do dérbi da capital, a incredulidade de Ronald Koeman, treinador do Benfica, às críticas do presidente do Sporting, Soares Franco, após o jogo com o Marítimo. Para quem tem tido tantas mãos amigas a amparar-lhe o caminho, fica muito mal aquele sorriso sarcástico. E o cometário, também, ainda que o presidente do Sporting tenha pouca razão.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Os mais pobres da Europa

Depois de dois dias fechada, para descanso do pessoal, a tasca reabriu.
Corrre o vinho entre petiscos. Escorrem ideias pelas conversas.
O povo aqui anda dividido entre discussões que metem bola e outras que metem dó. Pois, cá me dizem, que tanto o jornal espanhol "El País" como a televisão CNN, comentando as eleições presidenciais disseram que Cavaco Silva é o novo presidente da República de Portugal, "o país mais pobre da Europa Ocidental". Dá que pensar.
Certamente que os 10 anos de "cavaquismo" não contribuíram nada para isto. As culpas devem ser só assacadas a António Guterres, a "Fujão" Barroso, Santana Lopes e agora José Sócrates? Não creio...
Mas, o novo Messias aí está!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Presidenciais VI - e fim

Pela primeira vez em quase 32 anos de democracia, a direita elegeu um presidente da República. Para bem de todos, que seja um presidente às direitas.
A tasca vai fechar, por hoje. Já é tarde e isto da clientela é gente trabalhadora e amanhã é dia de pica-boi.

domingo, janeiro 22, 2006

Presidenciais V

Neste momento, Cavaco Silva profere o discurso de vencedor. Enquanto não acaba, recordo Franciso Pinto Balsemão. O ex-primeiro-ministro e fundador do PPD/PSD disse, um dia, que a televisão poderia eleger um presidente da República. Esta eleição deu-lhe razão: a SIC Notícias e o Expresso conseguiram levar Cavaco Silva à presidência. Ao fim de quase dois anos a traçarem cenários e a promoverem sondagens, Cavaco Silva só tinha mesmo de dizer que era candidato, porque todos os números o davam já como claro vencedor. Afinal, ficou bem longe dos 60% e mais que lhe foram dando. Afinal, foram menos de seis décimas - depois farei as contas - a decidir tudo à primeira volta. Do mal o menos - o país em crise poupa alguns milhões numa segunda volta.
O discurso acabou... No momento em que a casa, à mingua de pão, ameaça desmoronar, o homem que lhe fez os alicerces volta autorgado como o arquitecto que vai orientar as obras de restauração de que o edifício Portugal bem precisa. Veremos no que dá...

Presidenciais IV

Uma palavra a Viseu, ainda "Cavaquistão", ao contrário do que pensava e desejava Mário Soares (ou Manuel Alegre, já não me lembro bem, pois estou a citar de cabeça, com dores na dita cuja).
Os 65,68% de votos em Cavaco Silva mostram que no distrito de Viseu - que quase todos os dias se queixa da interioridade - o povo tem memória. Não esquecem o que Cavaco Silva lhes deu enquanto primeiro-ministro, basicamente milhões de euros desbaratados em "Mercedes" e "BM's", fortunas instantânes, no vir e no ir, que deixaram o interior onde sempre esteve desde que Portugal é país com fronteiras definidas: lá no interior, aquilo a que em Lisboa chamam de "província". Enquanto Lisboa ganhou várias auto-estradas de faixas múltiplas, Visei foi brindada com o IP5, qual arma apontada à cabeça, fórmula de suicídio para os que não resistam ao peso da interioridade. Dentro em breve vão ter o IP5 transformado em auto-estrada. Talvez então, novas vias de pensamento se abram no Cavaquistão.
Não deixa de ser curioso que Cavaco Silva, uma espécia de mito urbano, D. Sebastião redentor, triunfe como fenómeno rural.
Por falar em mitos urbanos, vou tomar dois comprimidos para a dor de cabeça, porque isto do café com casca de limão não está a resultar.
Felizmente há genéricos...

Presidenciais III

Uma palavra para Mirandela.
O presidente da Câmara mandou colocar cartazes no IP4, expondo as fraquezas do concelho onde, escreveu, acaba Portugal e começa Espanha! O IP4 foi tudo o que lhe deram em 20 anos de União Europeia. Em tributo ao homem que o construiu, votaram massivamete em Cavaco Silva (69,58% dos votos, às 20.46 horas do dia 22, segundo dados recolhidos em http://www.presidenciais.mj.pt).
Se Mirandela ficar mesmo sem a PSP, a GNR, o Hopsital ou o posto dos correios, sempre tem o IP4 para acelerar - assim o tempo e os nevões o permitam- até ao Porto, Portugal Litoral.

Presidenciais II

A conversa continua animada aqui na tasca virtual.
A tasca do meu avô ficava a 30 quilómetros do Porto, sensivelmente na fronteira onde acaba o Portugal dos governos de Cavaco Silva. O agora quase presidente - prometo que assim que for empossado será também meu, como de todos deve ser - enquanto PM encurtou o país para uma faixa atlântica de cerca de 3o km. Entre-os-Rios, fica a cerca de 40 km do Porto. Fora do Portugal dos Governos de Cavaco Silva. Lembram-se?
Equanto candidato eleitoral, Cavaco Silva teve um slongan elucidativo: "Portugal Maior".
Arrependimento ou vontade de emendar a mão?
Felizmente existem as tascas virtuais, sem fronteiras.

Presidenciais

Hoje, as televisões apontam Cavaco Silva como o novo presidente da República, eleito à primeira volta.
Ontem, e nos ontens anteriores, as mesmas televisões apontam o dedo a um país triste, em crise económica - e de identidade, vinco eu - 20 anos e milhões contos de fundos estruturais atirados ao gato, o mesmo que foi às filhoses.
Aparentemente, Cavaco Silva, ex-primeiro-ministro, não tem nada a ver com Cavaco Silva presidente da República. Pelo menos, o povo assim pensa. Lamento, neste momento, não ser parte do povo.
A memória é cusrta...
Pergunto: os portugueses votaram a esperança do futuro ou julgaram um passado de 10 anos, outros tantos depois?
A memória é curta, mas existe a Irlanda! Atentem ao que fizeram com os dinheiros da CEE, agora União Europeia. E Portugal, que foi de Cavaco durante 10 anos? Como está? Passou da cauda da Europa a 15 para a cauda da Europa a 25! E Cavaco Silva não tem nisso responsabilidades?
Acho que nem preciso de responder...
Honra aos vencidos!

Inauguração

A tasca do Belmiro acaba de abrir as portas! Todos são bem-vindos. Há de comer e de beber, espero, para muitos gostos e variados feitios - não conto, não desejo, também, ser insosso ao ponto de agradar a todos. Aqui, entra quem quer. Não está reservado o direito de admissão; servem-se bebidas a menores de 16 anos e a quem apresentar sinais de estar embriagado; não será negada uma pinga a quem revele problemas psíquicos.
“A tasca do Belmiro” pretende, no nome, homenagear o meu avô, falecido faz tantos anos que a desnatura deste neto já não recorda com precisão. Belmiro, de sua graça, também de Azevedo, muito mais rico que o mais famoso dos Belmiros de Azevedo, embora com muito menos dinheiro. O muito que terá tido foi sempre pouco para distribuir por todos quantos se aproveitaram da sua genuína bondade, nos tempos de hoje tratada como ingenuidade, porque há cada vez mais umbigos debaixo dos olhos próprios.
Como na velha tasca do meu avô, onde um corregedor alinhava as peças do dominó com o mais inveterado dos antifascistas, esta casa virtual pretende ser um espaço de liberdade. Sendo tasca, ainda que etérea, é também etílica; há vinhos brancos e tintos, maduros e verdes, maioritariamente portugueses, o que não impede que se beba no estrangeiro uma ou outra caneca de inspiração. Hás os bebes e, naturalmente, os comes. Adaptando a ementa da tasca do Belmiro para a virtual, é certo que se vão servir por aqui moelas revoltadas, bucho angustiado, rojões, postas de carne mais ou menos bem passadas, “caradepauzinhos” - espero eu - jaquinzinhos, manelinhos ou josezinhos. Sardinhas em lata ou atum em posta em azeite português - e aos azeiteiros que há, por certo, azeite não faltará - recordam a ementa da casa de pedra decorada a pipas de vinho. Acrescente-se o bacalhau frito, em prato com cebola e azeitonas ou entre dois nacos de broa de milho, e a salada do dito, por estas bandas nortenhas conhecida por punheta de bacalhau.
Na tasca, e como é normal a qualquer filho do Porto, ainda que criado nas faldas da Invicta, avisa-se que pode sempre haver um ou outro "carago" com mais pelo na benta.
Até ver, dá-se fiado, porque há já demasiados limites a quem quer saciar a fome e a sede de espírito.
A primeira rodada é por conta da casa.
Tchim-tchim.
Bem-vindos!